terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Luz e sombra


Hoje eu fui, junto com as mulheres do Round World Women, no museu de história natural do Amherst College. Bem legal.

Pode imaginar ver um mamute, inteiro, montado na tua frente, ou um tigre dente de sabre? Baixou, como sempre, a historiadora, e fiquei pensando nas pessoas que conviveram com aqueles bichos. São os tatatatatatatatataravós dos nossos tatatatatatatatatataravós. Não é legal? De repende ter uma conexão com esses antepassados através dos animais que foram seus contemporâneos? Eu acho, pelo menos.

O museu é muito legal. Tem fóssil de tudo: de microorganismo, de dinossauro, de pegada de dinossauro, de animais pré-históricos, como o ancestral do cavalo. Muitas provas da evolução.

Fiquei pensando nessa onda criacionista que assola os EUA. Como é possível? Como é possível não se encantar com o conhecimento? Como é possível se contentar com a ignorância? (como diriam Douglas Adams e Richard Dawkins)

É impossível olhar para aqueles fósseis e não se emocionar. E não apenas com o fato de poder "ver" a evolução, a seleção natural, mas com o fato de que produzimos conhecimento a partir desses pedaços de pedra. A seleção natural existe desde que existe vida na Terra (ainda não sei se funciona assim em outros planetas), mas nosso conhecimento sobre ela é muito recente (149 anos - obrigada, Darwin).

Ok, sou retardada e amo pensar nesses saltos culturais. Mas não é incrível sermos exatamente iguais àqueles homens que conviveram com os mamutes, mas sermos tão, tão diferente deles?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Quem mandô estudá?


Hoje tive aula de inglês. É bem legal, muito boa. O professor é um belga, professor de francês aposentado da Umass, bem velhinho, bem-humorado, bem legal. A aula é bem descontraída e prioriza as situações que encontraremos no cotidiano. O J.P. (o professor, Jean-Pierre) fala o tempo todo, entendo tudo.

Aliás, entendo tudo o que as pessoas falam. O que não entendo, pergunto, mas são poucas coisas. Até conversa de ônibus eu tenho escutado (não só pra saber da vida dos outros, mas pra me testar, mesmo).

Mas tem algo que tem me deixado muito puta. Estudei 22 anos (contando jardim+primeiro grau+segundo grau+cursinho+faculdade+mestrado), sou capaz de escrever uma dissertação sobre escravos libertos no século XVIII em Viamão e em Porto Alegre, tenho um excelente vocabulário em português, sou capaz de argumentar sobre muitos assuntos, tenho uma cultura geral e pop coonsideráveis, mas não consigo escrever mais do que algumas frases em inglês.

Tenho escrito esse blog em inglês também, só pra exercitar. Mas é estranho de repente não saber me expressar.

Estudei tanto, li tanto.... e de repente não sei nem falar corretamente? Isso me deixa com muita raiva.

Todos que eu conheci são muito simpáticos, prestativos e não se importam se eu falo correto ou não. Mas eu sim.

Me dá raiva pensar num argumento complexo pra uma questão, mas só conseguir falar o básico, só conseguir expressar a idéia, mas não conseguir falar com exatidão o que eu pensei.

Mas ok. Estou aqui há apenas um mês. Todos me dizem que meu inglês está bom (não o suficiente pra mim, é claro), estou frequentando aulas, encontrando outros que falam inglês, enfim, sei que isso vai passar com o tempo....

Só sou ansiosa...... queria tudo, agora.... mas pelo jeito vou ter que continuar estudando.... estudando.... infinitamente......

Mas devo estar melhor do que 99,99% dos americanos, porque eu falo a língua nativa deles, mas eles não sabem falar a minha!!! lárálálárálá....

1 mês? Só isso?!?


Hoje faz 1 mês que estou aqui!!! Parece que faz muito mais tempo! Aconteceram tantas coisas, conheci tanta gente, fiz tanta coisa, que parece que eu já estou há uns 3 meses aqui.

Esse fim de semana mesmo foi muito legal. Começou na sexta feira de manhã, com o Bruno levantando a cortina do quarto pra me mostrar que estava nevando. Na noite anterior, já sabíamos que iria nevar na sexta, mas não sabíamos que horas, e eu tinha falado pra ele que gostaria de acordar com neve :) . De manhã, quando ele acordou pra ir pra faculdade, viu que estava nevando e abriu a cortina pra eu acordar olhando pra aquele campo branquinho.... não foi fofo?

Durante o dia todo continuou nevando e lá por uma 6 horas da noite, fomos fazer boneco de neve e brincar na neve. É muito bom!!!! Nosso boneco se chama Marcelo, foi a Sofia quem nomeou. A foto dele é essa aí, no início do post. Quem chamar ele de feio, eu cago a pau!!!!

Ainda na sexta, fomos pra casa do Antônio jogar conversa fora. Eu tinha feito chili com carne ao meio dia, e levei pra gente comer - fez sucesso, modéstia a parte...

No sábado de manhã, fomos pra Northampton, junto com o Antônio, a Paula, o André e a Jacque, comer um "brunch". É uma mistura de café da manhã com almoço. Só assim pra comer o café-da-manhã deles. Comer batata, ovo, panqueca, feijão de manhã nem pensar!!! Mas se você encara isso como um almoço antecipado, ok.

Eu realmente não sei como esses americanos não morrem de infarto aos 40 anos!!! Eles só comem gordura!!!! Café-da-manhã pura banha, pizza a 10 dólares, pedaços de frango empanado e frito por 3,99!!!! É mais barato viver de porcaria do que cozinhar!!!

É muito mais prático e barato pegar o telefone e pedir uma entrega, mas temos que fugir dessa tentação, se quisermos viver pelo menos mais 20 anos.

Bom, continuando, nosso fim de semana, sábado de noite fomos ao cinema assistir "Vantage Point" (não sei o nome em português). Bem legal. Se você já lavou e fez escova nos cabelos, deu banho no cachorro, lavou o carro, limpou o banheiro, levou a avó da sua amiga pra passear, arrumou o seu roupeiro e não tem mais nada para fazer, indico o filme. Senão, fique em casa.

No domingão só relax.... com direito a assistir ao Oscar sem ser de madrugada, sem aquela tradução simultânea chata e sem os comentários do Rubens Edwald Filho!!!

Ê vidão, hein?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Feriadão brasileiro


Hoje é feriado aqui. É o President's Day (Dia dos presidentes, porque George Washington nasceu hoje), mas pra mim, foi o feriadão brasileiro, começando no sábado.

Sábado, logo depois do meio dia, o André passou aqui para irmos naquele mercadinho brasileiro em Chicopee. Nossa!!! Compramos 4 latas de creme de leite, 3 pacotes de mistura pra pão de queijo, tempero Arisco, e dois pacotes de bolacha Bono (essas foram pro Bruno).

Continuando o feriadão Brazuca, fomos jantar na casa da Angel, uma brasileira que mora há uns 10 metros da gente, casada com o Suria. Eles têm um filhinho muito fofo, o Lucas. Comemos pizza. Aliás, a melhor pizza que eu já comi aqui. Ainda não tinha achado nenhuma pizzaria que se adequasse ao meu paladar. Essa é simples: boa massa, bastante queijo e bons ingredientes. Nada de mais, mas pizza com gosto conhecido. Foi uma noite tri boa.

No domingo, o André resolveu antecipar a comemoração do aniversário dele (que é hoje) e deu um almoço. Na verdade, a Jacque deu. Ela fez lasanha HUMMMM..... Chegamos ao meio dia, saímos às 8h da noite. Muito brasileiro, muita bobagem, muita risada.....

Para fechar o feriadão, hoje ao meio dia cozinhei strogonoff com o creme de leite que eu comprei!!
Sim, eu sei, strogonoff não é um prato da culinária brasileira, mas pra mim, é tão "minha casa".
Minha mãe fazia, minha irmã fazia, eu fazia, a Jane fazia.... é tão simples, tão gostoso, que sempe tinha lá em casa ou na casa do Bruno. Então, foi como fechar com chave de ouro esse feriadão.

Não se trata de saudosismo. As coisas aqui também são legais. É que nesse fim de semana coincidiu de termos mais contato com brasilidade do que nos outros.

Quando fomos na loja de coisas brasileiras, criticamos o fato de ter OMO, Colgate, Sal Cisne, entre outros, pra vender. Como assim? Tudo bem você procurar produtos que não são encontrados aqui, mas.... Coca-cola? Doritos? Isso tu encontra em qualquer loja aqui.

Sim, a Coca-cola daqui tem gosto diferente, mas não tão diferente assim. Acho estranho vir para um país e não ter o interesse de se integrar, de escovar os dentes com pasta de dentes daqui... Afinal de contas, você está aqui, não no Brasil....

Hahahahahahaha.... será que depois desse post vão me chamar de Carmen Miranda? Vão dizer que eu me vendi ao "American Way of Life"? Ih.... acho que da próxima vez que eu for pro Brasil vou aparecer no aeroporto cantando "Disseram que eu voltei americanizada", com uma bacia de morangos na cabeça e um vestido de dançarina de salsa.....

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Valentine's Day


Ontem foi Valentine's Day aqui. É o equivalente ao nosso dia dos namorados, mas é diferente, porque a tradição aqui é dar cartões pra todo mundo que você gosta- pai, mãe, irmão, irmã, amigo, filho, avô, avó, e até pro namorado(a)!!! É mais um dia dos apaixonados, e você pode ser apaixonado por todas essas pessoas.

Mas me parece meio estranho dar cartão do Dia dos Namorados pro avô....

Enfim... eu e o Bruno saímos pra comemorar. Fomos num restaurante aqui no centro chamado "Judie's". Humm... tudo maravilhoso!!! Cardápio especial para o Valentine's Day, atendimento super fofo, comida ótima, sobremesa maravilhosa, clima de romance.....

Esses dias de "recém-casados" têm sido realmente muito bons. Acho que simplesmente funciona porque a gente gosta das mesmas coisas e se diverte com coisas parecidas.

Claro que temos diferenças. Um exemplo disso foram nossos presentes: o dele, uma arma de ar comprimido; o meu, bolsa, colar e brincos. Testosterona X estrogênio.

Mas isso também é legal. Nós nascemos no mesmo dia, gostamos de cinema, de teatro, de boa comida, de chocolate, de porcaria, de tecnologia, de dormir, de ler, de brincar, de fotografia, de música; temos muita coisa em comum, mas não casei com meu gêmeo. Temos diferenças. Ainda bem que elas são menores ou pouco significativas, como..... como..... ah.... eu não gosto de Los Hermanos, ele não gosta de Erasure; eu gosto de brócolis, ele detesta; eu vejo reality shows, ele a CNN; eu choro lendo romances, ele me chama de bobona.

Mas acho que tem dado certo porque a gente se gosta muito. Quem nos conhece há muito tempo, sabe que passamos por muita coisa!!! Se continuamos juntos, é porque nos amamos muito.

Vai parecer piegas, mas eu não me importo: Eu amo meu Valentine!!!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Bola de neve no cofrinho dos outros é refresco


Hoje teve a primeira "nevasca" desde que estamos aqui.

Fui com a Jacque no shopping de tarde. Saímos lá pelas 14h, o clima estava frio, o dia nublado, como qualquer outro dia em Amherst. Compra vai, compra vem, olhamos pela porta de uma das lojas e não acreditamos: a rua estava toda branca, coberta de neve. Só faltava o papai-noel pra compor meu imaginário de neve+natal.

Voltamos pra casa e a neve já estava acumulando uns 4 cm. Falei com o Bruno mais tarde (9h) pelo Google Talk e já tinha uns 10 cm....

(Abre parênteses:
Eu não vi, mas o Bruno me contou que quando ele estava vindo a pé da Umass até aqui, ele tomou um tombaço daqueles de Video Cassetada. Pisou com o pé esquerdo numa poça congelada, escorregou, levantou a perna, e caiu de BUNDA no chão!!! Pena que não tinha ninguém pra rir ou pra filmar. Pra ter visto essa, eu doaria até cartão premiado da Sena..... fecha parênteses)

Quando o Bruno chegou em casa (depois do tombaço hahahahahaha), me chamou pra brincar na neve. Imaginem: tudo branquinho, lindinho, irresistível!!!

O detalhe é que eu já tinha tomado banho, estava de pijama e estava com o cabelo molhado. Adivinhem onde o "sr-sem-noção" me jogou neve? Na cabeça, no pescoço, dentro do casaco, no óculos.... engraçado? Eu congelei!!!!! Imagina tu quentinho, recebendo gelo na cabeça, na nuca, nas costas e até no cofrinho!!!!

Ok, admito, eu sou moscona e deixei ele me jogar neve...

MAS FOI MUITO BOM!!!!!!!!!!!!! Quero de novo, de novo (mas da próxima vez, eu me vingarei)!!!!!

Liberté, égalité, fraternité


Ontem fui fazer minha inscrição num curso de inglês aqui na Umass. Começo amanhã.
Mas o legal foi que encontramos mais um brasileiro perdido, o Weber, e a Nermin (a turca que já mencionei em outro post). Ela me convidou para ir, hoje de manhã, nos encontros do "Round the world women" (mulheres do mundo todo). Eu fui. Foi muito legal.

Essa organização tem o objetivo de integrar mulheres, de outras culturas, que estão perdidas por aqui. Hoje não fizemos nada de mais, mas foi legal por poder conversar com a Marta (a polonesa que eu já havia mencionado), a Nermin e outras mulheres que eu conheci hoje, inclusive uma vizinha de porta aqui do North Village!

Mas o mais legal de tudo, foi perceber que pessoas de culturas diferentes podem ser muito parecidas. Não falo da relação com as chinesas - elas são de outro planeta -, mas da minha relação com as "ocidentais".

Me sinto tão próxima da polonesa ou da turca, como se estivesse falando com uma porto-alegrense. É muito estranho e muito legal perceber que pessoas de cantos tão distantes são tão parecidas. Os valores são os mesmos, em relação à vida aqui, à vida profissional, ao relacionamento com o namorado, à família. Essa é uma parte boa da globalização; a globalização dos direitos humanos, dos direitos civis femininos e até de coisas menos nobres, como a globalização do jeito de se vestir, de pentear o cabelo, de se maquiar....

O fato é que eu tô amando conhecer pessoas diferentes, que não são tão diferentes assim. :)

Viva a Revolução Francesa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Globalização!!!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Feels like


Hoje a Jacque e o André nos convidaram para ir numa loja de brasileiros em Chicopee, uma cidade que fica a cerca de 30 minutos daqui. Eu queria comprar creme de leite, Arisco e mistura pra pão de queijo da Yoki. O Bruno não foi porque tinha que estudar.

Chegamos na loja e ela estava fechada. Decepção total. Sem creme de leite, sem Arisco e sem pão de queijo....

Na volta passamos num mercadinho pra Jacque e o André comprarem umas coisas. Aproveitei e comprei o jornal pra procurar, nos classificados, anúncios de carros. Essa história também furou: o carro mais barato anunciado custava $9.500 - bem acima do nosso orçamento.

De noite fomos pra casa da Paula e do Antônio, eles nos convidaram pra jantar, junto com o Guto, a Fabianne, a Jacque e o André. A Paula fez uma sopa de abóbora maravilhosa, com queijinho gorgonzola HUMMMM (essa é pra ti, Kate). Estava bem legal. Muita bobagem, muita risada, excelente maneira de fechar o domingo.

Na saída, não acreditamos no frio que estava fazendo. Absurdo. Acho que meu rosto congelou instantaneamente. Ainda não sei como meu nariz não congelou e caiu!!!! Se vocês acham que eu estou brincando, a imagem no começo do post é o indicativo de temperatura do Weather Channel: -10 graus. Ok... você acha que poderia conviver com essa temperatura? Então olhe nas letras miúdas, onde diz "feels like" (sensação térmica): -20 graus!!!!

Ainda bem que minha casa tem calefação!!!!

Saudades Infinitas


Ontem fomos no shopping fazer umas comprinhas e ir ao cinema. O filme, The Eye, até que é bonzinho, nada de mais. É um desses remakes de filmes orientais, que estão na moda nos EUA. Não é ruim, mas eu poderia conviver com o fato de não tê-lo visto.

Depois que saímos, estávamos dando uma volta no shopping, fazendo hora até pegar o ônibus, que só passaria dali 40 min, quando o André (namorado da Jacque, amigo do Bruno) ligou nos convidando pra ir num bar em Northampton. Ok, fomos.

Era aniversário de um dos colegas dele. Na chegada foram todos muito simpáticos, tinha até umas brasileiras perdidas no meio do pessoal. Sentamos na ponta. Lá pelas tantas, o aniversariante veio sentar perto da gente.

Conversa vai, conversa vem, Obama bláblá, Iraque...... Que decepção!!! Não importava o que nós argumentássemos, ele defendia a invasão do Iraque. Primeiro foi "É pela democracia", depois de argumentarmos ficou "é metade pela democracia, metade pelo petróleo" e por fim, virou "é pelo petróleo, mas também é pela democracia". Democracia o c.....

Me deu saudade dos Infinito. Daquele pessoal informado, que tu pode argumentar e ou eles vão rebater teus argumentos, ou vão pelo menos pensar no que tu disse. Que raiva dessas pessoas que ficam justificando argumentos. Argumento não se justifica. Ou ele convence, ou não.

Como pessoas esclarecidas, com acesso a informação, com acesso a mídias alternativas, podem pensar que GUERRA tem a ver com DEMOCRACIA?

Que saudade dos Infinitos.....

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Diferenças culturais



Hoje de manhã, atendi o telefone e uma voz masculina, se dizendo da UMASS, me perguntou se o sr. Silva estava. Respondi, no inglês de tupiniquim, que não. Uns 30 segundos depois, uma outra ligação, desta vez do FBI, procurando o sr. Silva.

Bruno fiadap.... me passando trote!!!!!!! E eu, ridícula, caí na primeira vez!!!!

A questão é que ele estava me ligando pra contar que foi na biblioteca da computação, pegou um livro, mas não tinha ninguém pra anotar o empréstimo. Ele foi andando pelo prédio, vendo se encontrava alguém. Quando ele estava quase saindo do prédio, resolveu ir na secretaria do curso. Chegando lá, ele disse que queria retirar o livro e gostaria de saber como fazia. A mulher olhou pra ele, fez cara de estranhamento e perguntou "como assim?". Ele respondeu "quero retirar um livro, onde eu tenho que assinar?" . E (pasmem) a mulher respondeu: "nós confiamos nos nossos alunos e tem dado certo".

Hein? Quer dizer que é só chegar, pegar o livro e levar pra casa? Não tem que trazer comprovante de matrícula, de residência, xerox da carteira de identidade, do cpf, exame de sangue, etc? Não tem que fazer carteirinha? Não tem que passar pela moça do balcão, nem assinar, nem tem que receber e-mails ameaçadores pra devolver o livro?

Também não tem problema de procurar o livro no catálogo e constatar, chegando na prateleira, que ele foi roubado pelos alunos, teus colegas?

Fiquei deprimida. Fiquei deprimida lembrando da biblioteca da Ufrgs, dos livros "sumidos" e da burocracia que te dá acesso a livros no Brasil, porque tem uns desgraçados que roubam livros públicos.

Outro episódio: esqueci a câmera no carro que alugamos. Ok. Ligamos pra locadora, os caras foram no carro, procuraram, acharam e guardaram a câmera pra gente por uns 10 dias, até que a gente chamou a Fedex pra pegar.

Se fosse no Brasil, infelizmente, em alguns lugares, essa câmera estaria "sumida".

É muito bom sair e não se preocupar em falar ao celular, em segurar a bolsa com força, em esconder o relógio, ou com a hora que vai andar de noite. Até deixar a porta destrancada já deixei.

Claro que eu tenho que ressaltar que aqui é uma cidade pequena. Imagino que os grandes centros tenham índices de criminalidade iguais aos do Brasil.

Só é chato pensar por que esse sistema baseado na honra funciona aqui e não poderia funcionar no Brasil... Os americanos não são melhores que os brasileiros, então por que quando você vai trocar uma roupa ou reclamar que o produto está com defeito no Brasil, te olham com desconfiança, como se tu estivesse tentando dar um golpe? Aqui, em todas as vezes em que precisamos trocar, reclamar, nos trataram com imenso crédito. É claro que eu não sou ingênua, eu sei que eles nos tratam bem porque querem nosso dinheiro, mas brasileiro não gosta de dinheiro?

Fico lembrando do tempo em que eu morei em Salvador e tinha que reinvidicar, todos os dias, os meus direitos, por que eles não eram respeitados. E o pior: quando eu os exigia, muitas vezes, tinha que aguentar desaforo de quem tinha o dever de me garanti-los.

Em relação às diferenças, pra algumas coisas, eu prefiro o jeito daqui.

Maldito jeitinho brasileiro!!!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Ontem fui na aula de inglês na igreja Batista. Sem leitura da "Bíblia", só conversação. Minha professora é muito legal; ela passou a última terça ligando e levando pessoas pra votar na "super Terça" pros democratas.

Depois da aula, comemoramos o "Ano-novo" chinês e sul-coreano. Cada aluno deveria levar um prato (eu levei negrinhos), então ficou uma mesa no mínimo com 80% dos pratos orientais, já que há uma invasão de chineses nos EUA (é assustador). Mais assustador foi constatar o quanto estamos longe culturalmente. Comemorar o Ano-novo em fevereiro (?!?), cantando musicas que não fazem sentido nem pela letra nem pelo som foi muito bizarro!!!! Uma experiência antropológica.

É estranho como me sinto diferente das orientais e como me sinto atraída por fazer amizade com as ocidentais. A única exceção é uma japonesa chamada Marino - ela é uma amor, tem amigos brasileiros no Japão, e sempre vem falar em português comigo.

Também é difícil se comunicar, principalmente com as chinesas. Não entendo o que elas dizem!!!! Parecem o Cebolinha falando inglês!!!! Já é difícil entender outra língua, com gente falando ling-ling, então, impossível!!!!

Foi interessante. Ficamos (eu e a Jacque) na mesa das ocidentais, cujo enorme número de pessoas era quatro, nos incluindo. Também tinha a Marta, uma polonesa, e a Nermin, uma turca. A festa valeu pela conversa com elas, por praticar inglês e conhecer pessoas legais de outros países.

De tarde a Jacque veio aqui em casa e tomamos chimarrão (sim, aqui também) com bolacha amanteigada. HUMMMM

De noite, pra coroar o dia, fomos jantar com os brasileiros num restaurante italiano tri bom "Carmelita's". Pedi linguine com frutos do mar HUMMMM com vinhozinho HUMMMM. As mulheres da mesa ainda ganharam uma rosa porque, aqui, estamos na semana do dia dos namorados. Sim... vamos comemorar dois dias dos namorados: semana que vem, dia 14, e em 12 de junho. O capitalismo até que não é tão mau....

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Lei de Murphy


Hoje fui com a Jacque pagar meu primeiro aluguel. Já havia pago aluguel antes, em Salvador. O legal é que fui pagar o aluguel da minha casa com o Bruno. Coisa de guria...
Mas também foi legal ir lá e falar "I would like to pay my rent"; soa tão mais imponente do que "eu gostaria de pagar meu aluguel".
Ok. Admito. Estou deslumbrada. Confesso que estou achando tudo MUITO legal. Até agora, não me frustei com nada. Ok. Estou aqui há apenas 10 dias, mas têm sido dias muito legais.

Depois de pagar o aluguel, fomos às compras!!! Precisava de molduras pra quadros, pra deixar a casa com uma cara mais de casa e menos de alojamento, e de chocolate granulado pra fazer negrinhos.

Achei molduras por $5,00 cada. Lindas. Cheguei em casa e já coloquei minhas imitações de Van Gogh e de Monet nelas. Adivinha quem não gostou das molduras? O "sr-chatonildo-da-silva". Como exercer uma democracia num país de dois? Os argumentos são "gostei" e "não gostei" e não se chega a lugar nenhum. Pelo menos por enquanto, os quadros estão na parede.

Voltando às compras, também comprei taças de vinho lindas por $2,00. Uma pechincha.

Quanto aos granulados, a história é a seguinte: amanhã, na minha aula de inglês, vamos comemorar o Ano-novo chinês. Cada aluna deve, então, levar algum alimento. Todos sabem que eu sou exímia cozinheira, então resolvi levar meu prato mais elaborado: negrinho. Para isso, precisava de forminhas de docinho e de chocolate granulado. Encontrei forminhas com tema da páscoa (sim, já tem coisa pra páscoa, afinal é daqui há 40 dias) e granulado colorido de açúcar.
Cheguei em casa, fiz meu "tema" pra aula e enrolei os negrinhos. Ficaram, digamos... comíveis.

Por fim, um última história de hoje. Fui colocar o lixo e ao lado da lixeira coletiva tinha uma tv 20 polegadas. Pensei, pensei. Resolvi levar pra casa. Pesada, pesada. Chegando em casa, limpei a tv e a liguei na parede. Chinesada fiadapu... joga tv ruim no lixo!!!!! Eu crente que ia ter tv nova... ligo a maldita e a cara das pessoas começa lilás e depois vai ficando azul!!! É muito azar, mesmo!!!
Aqui sempre jogam coisas boas no lixo, mas quando eu vou pegar, pego justamente lixo de chinês!!! Vou jogar sal grosso de tirar neve em mim, pra ver se afasto o "olho fino" de chinês!!!

Baita sorte!!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Shopping X Rambo 99... que difícil escolha


Sábado, quando estava colocando as panelas no fogão pra cozinhar o almoço, o Antônio ligou perguntando se queríamos almoçar com eles (ele e a Paula). Fomos no Panda East, um restaurante chinês tri bom. Comi "shrimp with garlic sauce" (camarão com molho de alho) HUMMMMM.
Acho que toda a colônia brasileira estava lá: eu, o Bruno, o Antônio, a Paula, o André, a Jacque, a Emily (que já faz parte da colônia, embora seja americana), o outro Bruno (carioca), o Guto e o Sadoc.

Depois fomos tomar um café no RAO's Cafe. Pedi um "mocha" (não tô nojenta?!?) hahahahahahahaha.

Daí, os estereótipos afloraram: os guris foram ver Rambo, e as gurias foram pro shopping...

Eu, a Emily, a Paula e a Jacque fomos pro Holyoke Mall bater perna (fica em Holyoke, uma cidade há uns 20, 30 minutos daqui). Não comprei nada que me interessasse e coubesse no meu orçamento. Até tentei comprar um iogourte Parfait do McDonald's (custa $1,00), mas não tinha....

Quando voltamos pra Amherst, os guris estavam na casa do André jogando Guitar hero com faixas vermelhas do Rambo na cabeça!. Tsc tsc... Eu mereço!!!!

Eu e o Bruno voltamos pra casa (de carona com o Antônio e com a Paula) e pedimos uma pizza da Domino's. Hummmm a pizza nem é tão boa, mas o pão de alho deles..... uma delícia!!!!!

No domingo, ficamos de bobeira em casa.... êta vida boa!!!!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mim Ana, você John


Essa semana foi bem puxada.

Na segunda e na terça aproveitei pra arrumar as coisas em casa. Organizar, limpar, ajeitar...

Na segunda de noite até me perdi no campus da universidade (hahahahahaha). Deveria encontrar o Bruno no prédio da computação. Ok. Chego no campus e não acho o prédio. Começo a perguntar e ninguém sabe onde é!!! A maioria me dizia pra ir pra "lá", apontando pro norte do campus, ok, lá vou eu. Até que chego no prédio ANTIGO da computação. Sim, tem um novo há 7 anos, mas ninguém do campus sabe disso. Finalmente consegui encontrar uma senhora muito fofa e ela me ajudou a chegar no prédio certo... nessa busca perdi 40 minutos (hahahahahahaha).

Na quarta eu e a Jacque começamos um curso de inglês bem legal. Só conversação, com uma japonesa, duas chinesas, uma sul-coreana, uma turca e duas polonesas como colegas. Bem legal.
Se o curso não servir pro inglês, vai servir pra eu aprender sobre outras culturas.

Ainda na quarta, fomos ao cinema ver Cloverfield..... tri bom (ahã). Não recomendo, mas quem quiser ver, não vai morrer por causa disso - talvez vomite, mas tudo bem.

Quinta fomos na casa da Biki. Conheci o Tobi e a Camila. Todos muito legais, mas a Biki, em especial, é muito fofa, muito querida.

Saímos com eles na sexta, fomos no ABC, um pub que tem no centro de Amherst. Bem legal, várias cervejas, boa música, boa comida. O Damian, marido da Biki, também foi - muito legal, engraçado.

Na sexta choveu, a temperatura estava positiva, então ao mesmo tempo em que se formavam poças d'água, a neve derretia, tava um nojo!!! Parecia raspadinha de lama!!!! E quando fica assim, o chão fica escorregadio. Acho que só não caí por sorte, porque dei muitos escorregões!!! Acho que é questão de tempo pra eu fornecer vídeos pro Faustão.

Foi uma semana legal. O mais legal foi conseguir me comunicar numa boa. Meu inglês não está perfeito, mas eu estou tentando me comunicar, está dando certo e eu vou continuar com meu inglês de índio (olha o preconceito) até melhorar. Dia 11 me inscrevo num curso de inglês da Umass - acho que vai ser bem bom.