sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Diferenças culturais



Hoje de manhã, atendi o telefone e uma voz masculina, se dizendo da UMASS, me perguntou se o sr. Silva estava. Respondi, no inglês de tupiniquim, que não. Uns 30 segundos depois, uma outra ligação, desta vez do FBI, procurando o sr. Silva.

Bruno fiadap.... me passando trote!!!!!!! E eu, ridícula, caí na primeira vez!!!!

A questão é que ele estava me ligando pra contar que foi na biblioteca da computação, pegou um livro, mas não tinha ninguém pra anotar o empréstimo. Ele foi andando pelo prédio, vendo se encontrava alguém. Quando ele estava quase saindo do prédio, resolveu ir na secretaria do curso. Chegando lá, ele disse que queria retirar o livro e gostaria de saber como fazia. A mulher olhou pra ele, fez cara de estranhamento e perguntou "como assim?". Ele respondeu "quero retirar um livro, onde eu tenho que assinar?" . E (pasmem) a mulher respondeu: "nós confiamos nos nossos alunos e tem dado certo".

Hein? Quer dizer que é só chegar, pegar o livro e levar pra casa? Não tem que trazer comprovante de matrícula, de residência, xerox da carteira de identidade, do cpf, exame de sangue, etc? Não tem que fazer carteirinha? Não tem que passar pela moça do balcão, nem assinar, nem tem que receber e-mails ameaçadores pra devolver o livro?

Também não tem problema de procurar o livro no catálogo e constatar, chegando na prateleira, que ele foi roubado pelos alunos, teus colegas?

Fiquei deprimida. Fiquei deprimida lembrando da biblioteca da Ufrgs, dos livros "sumidos" e da burocracia que te dá acesso a livros no Brasil, porque tem uns desgraçados que roubam livros públicos.

Outro episódio: esqueci a câmera no carro que alugamos. Ok. Ligamos pra locadora, os caras foram no carro, procuraram, acharam e guardaram a câmera pra gente por uns 10 dias, até que a gente chamou a Fedex pra pegar.

Se fosse no Brasil, infelizmente, em alguns lugares, essa câmera estaria "sumida".

É muito bom sair e não se preocupar em falar ao celular, em segurar a bolsa com força, em esconder o relógio, ou com a hora que vai andar de noite. Até deixar a porta destrancada já deixei.

Claro que eu tenho que ressaltar que aqui é uma cidade pequena. Imagino que os grandes centros tenham índices de criminalidade iguais aos do Brasil.

Só é chato pensar por que esse sistema baseado na honra funciona aqui e não poderia funcionar no Brasil... Os americanos não são melhores que os brasileiros, então por que quando você vai trocar uma roupa ou reclamar que o produto está com defeito no Brasil, te olham com desconfiança, como se tu estivesse tentando dar um golpe? Aqui, em todas as vezes em que precisamos trocar, reclamar, nos trataram com imenso crédito. É claro que eu não sou ingênua, eu sei que eles nos tratam bem porque querem nosso dinheiro, mas brasileiro não gosta de dinheiro?

Fico lembrando do tempo em que eu morei em Salvador e tinha que reinvidicar, todos os dias, os meus direitos, por que eles não eram respeitados. E o pior: quando eu os exigia, muitas vezes, tinha que aguentar desaforo de quem tinha o dever de me garanti-los.

Em relação às diferenças, pra algumas coisas, eu prefiro o jeito daqui.

Maldito jeitinho brasileiro!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Não tem registro algum na biblioteca?!?!?!?!?! Fuck!!!! É quase inacreditável...